A invenção da inversão: ciência, educação e lesbianidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/1981-416X.20.067.DS09

Resumo

No projeto de Brasil republicano, higienista e eugenista, vários discursos
defendiam a escola e a família como espaços pedagógicos de formação sexual. Para tanto, uma de suas estratégias biopolíticas de governamentalidade era produzir saberes sobre as mulheres. Considerando este cenário, temos como objetivo analisar os discursos científico sobre a homossexualidade feminina produzidos entre as décadas de 1920 e 50. Interessa-nos analisar as representações que estão presentes nesses discursos e que contribuíram na invenção daquilo que foi assimilado como a invertida sexual e/ou homossexual feminina. Para tanto, as contribuições das Análises Documentais e de Discursos de base foucaultiana foram fundamentais para examinar as publicações voltadas a identificar, tipificar e determinar as práticas educativas preventivas ou de cura ao “homossexualismo feminino”. Com os dados, observou-se que o status patológico à homossexualidade feminina quando debatida a sua origem, prevenção e cura constatou-se diferenças substanciais entre os cientistas e a posição da psiquiatra Iracy Doyle, autora do primeiro livro sobre o tema no Brasil. Mesmo atribuindo à homossexualidade o título de “problema”, as contribuições de Doyle apresentavam a inversão sexual feminina como uma alternativa para as mulheres romperem com a condição passiva de esposas e mães. Esta interpretação ia à contramão dos demais cientistas que se comprometeram em estudar a homossexualidade feminina, os quais, em seus discursos, fortaleciam as atribuições de papéis pautados pelas diferenças biológicas, reforçando as representações sociais de homens e mulheres.

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Biografia do Autor

Marlon Silveira da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorando em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação (PROPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na linha de pesquisa Currículo: sujeitos, conhecimento e cultura. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG - 2016) e Licenciado em História pela Faculdade Porto Alegrense (FAPA - 2012). É membro do grupo de pesquisa Currículo, cultura e diferença (PROPEd-UERJ). Profissionalmente, tem experiência como professor de Sociologia e Filosofia, além da experiência em espaços e instituições educativas e de preservação do patrimônio público e privado, tendo também atuado como educador popular em oficinas e cursos voltados para os temas: juventudes, vulnerabilidades, protagonismos e Direitos Humanos. Desenvolve pesquisas nas áreas da História, Educação, Gênero e Sexualidade, orientado pelos Estudos Culturais, feministas e de-coloniais. Áreas de interesse: História, História do Brasil, História da Educação, Gênero e Sexualidade.

Marcio Caetano, Universidade Federal de Pelotas - UFPel

Pós-doutor em Currículo, com apoio do PNPD-CAPES, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Coordenador do Centro de Memória LGBTI João Antônio Mascarenhas (UFPEL/FURG/UFES/UFOB) e líder do Grupo de Pesquisa Políticas do Corpo e Diferenças. Docente da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Maria da Conceição Silva Soares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, na Faculdade de Educação e no Programa de Pós-Graduação em Educação - PROPED. Graduada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1978) e em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985). Doutora (2008) e Mestre (2003) em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo. Pós-doutora em Educação e Imagem na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora do Laboratório Educação e Imagem. É Procientista (UERJ) e Cientista Nosso Estado (FAPERJ). Atuou como consultora da Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo, como especialista em Sociologia na reformulação dos currículos do Ensino Médio. Tem interesse principalmente pelos seguintes temas: cotidianos, currículos, narrativas audiovisuais, subjetividades, gênero, sexualdade e diferença. É líder do Grupo de Pesquisa CNPq Curriculos, Narrativas Audiovisuais e Diferença.

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Publicado

2020-11-04

Como Citar

Silva, M. S. da, Caetano, M., & Soares, M. da C. S. (2020). A invenção da inversão: ciência, educação e lesbianidade. Revista Diálogo Educacional, 20(67). https://doi.org/10.7213/1981-416X.20.067.DS09