TY - JOUR AU - Faustino, Deivison PY - 2021/08/31 Y2 - 2024/03/28 TI - A “interdição do reconhecimento” em Frantz Fanon: a negação colonial, a dialética hegeliana e a apropriação calibanizada dos cânones ocidentais JF - Revista de Filosofia Aurora JA - Rev. Filos. Aurora VL - 33 IS - 59 SE - Dossiê DO - 10.7213/1980-5934.33.059.DS07 UR - https://periodicos.pucpr.br/aurora/article/view/28065 SP - AB - <p>Neste artigo, discute-se as relações entre Frantz Fanon e a dialética hegeliana.  A <em>Dialektik von Herr und Knecht</em> é uma das chaves analíticas mais importantes de <em>Phänomenologie des Geistes, </em>publicado por G. W. F. Hegel em Jena, em 1807. No entanto, em seu <em>Peau Noire, Masque Blancs,</em> escrito aos 25 anos e publicado em 1952, Fanon argumenta que sob o jugo colonial a reciprocidade, característica basilar da dialética,  não se efetiva. A pergunta que se procura responder, no presente estudo, é: o argumento apresentado pelo autor representa uma ruptura, reafirmação ou transfiguração da dialética hegeliana? Diante desse desafio, são postos em diálogo alguns trechos de <em>Phänomenologie</em>, e de <em>Peau Noire, Masques Blancs,</em> bem como outros escritos posteriores de Fanon, para, em seguida, problematizar as proximidades, tensões e rupturas entre ambos. O argumento aqui apresentado girará em torno da defesa da existência de uma apropriação transfigurada (<em>calibanizada</em>) da dialética, por Fanon, a partir de três elementos interdependentes: 1. Fanon partilha do pressuposto hegeliano segundo o qual a identidade é produzida na relação recíproca com sua alteridade. 2. O estranhamento colonial interdita essa reciprocidade ao promover um decaimento da dominação política para o patamar de negação coisificadora e bestializada; 3. A negação colonial não é ontológica, mas histórico e, portanto, pode ser superada a partir de uma negação prático-sensível, levada a cabo pelos próprios colonizados.  Ao longo deste <em>paper</em>, discute-se-a, ainda, algumas implicações do argumento aqui defendido diante da literatura especializada no pensamento de ambos os autores.</p> ER -