Distribuição espacial dos homicídios na cidade de Belém (PA): entre a pobreza/ vulnerabilidade social e o tráfico de drogas
Palavras-chave:
Homicídios, Pobreza/vulnerabilidade social, Tráfico de drogasResumo
A relação entre pobreza/vulnerabilidade social e a violência urbana tem sido objeto de inúmeros estudos no Brasil. Contudo, ocorreu um fenômeno aparentemente contraditório para essa explicação: houve melhoria de vários indicadores sociais no período 2000-2010, mas a incidência de homicídios, indicador fundamental da criminalidade violenta, aumentou. Diante disso, é válido supor que, além da pobreza/vulnerabilidade social, outros fatores interferem na ocorrência de homicídios. Este estudo sugere a hipótese de que o tráfico de drogas é um desses fatores. Para isso, realizou-se um estudo de caso sobre a cidade de Belém (PA), que inicia pela investigação da distribuição geográfica das taxas médias de homicídios no período 2013-2015 nos bairros localizados na área continental da cidade. Em seguida, há uma análise estatística dos mesmos dados, baseada na comparação entre dois modelos de regressão linear, um somente com variáveis relacionadas à pobreza/vulnerabilidade social; e outro que, além dessas variáveis, inclui o número de ocorrências de tráfico de drogas. Os resultados mostraram que o segundo modelo apresentou maior poder explicativo do que o primeiro. Isso corrobora a hipótese de que o tráfico de drogas contribui para o aumento da incidência de homicídios.
Downloads
Referências
Beato Filho, C. C. ; Assunção R. M.; Silva, B. F. A.; Marinho, F.C.; Reis, I. A.; Almeida, M. C. M. (2001). Conglomerados de homicídios e o tráfico de drogas em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, de 1995 a 1999. Cadernos de Saúde Pública, 17(5), 1163-1171. Recuperado em 20 de maio de 2018 de http://www.scielo.br/pdf/csp/v17n5/6324.pdf
Brasil (2013). Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>. Acesso em 4 maio 2019.
Britto, C. Q. (2017). Violência e homicídios relacionados ao tráfico de drogas, em Uberlândia – MG (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Uberlândia (MG).
Burke, P. Violência urbana e civilização. In: Oliveira, N. V. (1999). Insegurança pública: reflexões sobre a criminalidade e a violência urbana. São Paulo: Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial.
Cerqueira, D. ; Lima, R. S.; Bueno, S.; Valencia, L. I.; Hanashiro, O.; Machado, P. H. G.; Lima, A. S. (2017). Atlas da violência 2017. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea/ Fórum Brasileiro de Segurança Pública- FBSP.
Couto, A. C. O. (2014). A geografia do crime na metrópole: das redes ilegais a “territorialização perversa” na periferia de Belém. Belém: EDUEPA.
Deluchey, J. Y. (2017). Para além das desigualdades regionais na segurança pública: um olhar na Região Norte Amazônica. In: Zimerman, A. (Org.). Políticas de segurança pública. Santo André (SP): Universidade Federal do ABC.
Dirk, R. & Moura, L. (2017). As motivações nos casos de letalidade violenta da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Cadernos de Segurança Pública, 9(8). Recuperado em 3 de junho de 2018 de http://www.isprevista.rj.gov.br/download/Rev20170802.pdf. Acesso em 20 jan. 2018.
Engel, C. L. et al. (2015). Diagnóstico dos homicídios no Brasil: subsídios para o Pacto Nacional pela Redução de Homicídios. Brasília-DF: Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de Segurança Pública.
FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2016). Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 10. São Paulo: FBSP.
Feffermann, M. (2006). Vidas arriscadas: o cotidiano dos jovens trabalhadores do tráfico. Petrópolis: Vozes.
Garson, G. D. (2012). Testing statistical assumptions. Ashoboro (US): Statistical Publishing Association.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010). Censo Demográfico 2010. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9662-censo-demografico-2010.html?=&t=destaques>. Acesso em: 16 jan. 2018.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017). Estimativas populacionais dos municípios para 2017. Diretoria de Pesquisas - DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS.
Minayo, M.C.S. (2006). Violência e saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
Miranda, M. M. (2011). Sociedade, violência e políticas de segurança pública: da intolerância à construção do ato violento. Revista Eletrônica Machado Sobrinho, edição 3, jan-jul, Recuperado em 3 de junho de 2018 de http://www.machadosobrinho.com.br/revista_online/publicacao/artigos/Artigo01REM3.pdf.
Misse, M. (1993). Crime e Pobreza: novos enfoques, velhos problemas. Seminário Brasil em perspectiva: os anos 90. Departamento de Pesquisas Sociais do IFCS-UFRJ, Rio de Janeiro, 26 agosto.
Misse, M. (1995). Cinco Teses Equivocadas sobre a Criminalidade Urbana no Brasil: uma abordagem crítica, acompanhada de sugestões para uma agenda de pesquisas. Seminário Violência ou Participação Social no Rio de Janeiro, IUPERJ, Rio de Janeiro, 17 abril.
Misse, M. (2011). As drogas como problema social. Revista Periferia, v. 3, n.2, jul./dez.
O’Rourke, N.; Hatcher, N. (2013). A step-by-step approach to using SAS for factor analysis and structural equation modelling (2a ed., v. 1). Cary, (US): SAS Institute.
Pará. Secretaria de Segurança Pública do Pará – SEGUP (2016). Banco de Dados da Secretaria de Inteligência e Análise Criminal. Homicídio, Roubo e Tráfico - Belém.xlsx [arquivo eletrônico]. Belém (PA).
Pinheiro, P. S. : Almeida, G. A. (2003). Violência urbana. São Paulo: Pubfolha.
Ramos, S. (coord.) (abr. 2018). À deriva: sem programa, sem resultado, sem rumo. Rio de Janeiro: Observatório da Intervenção/CESec. Recuperado em 3 de junho de 2018 de https://www.ucamcesec.com.br/projeto/observatorio-da-intervencao/. 2 jul. 2018.
Reis, E. P.; Schwartzman, S. (2004). Pobreza e exclusão social, aspectos sociopolíticos. Trabalho preparado por solicitação do Banco Mundial, como contribuição para um estudo em andamento sobre a exclusão social no Brasil. In: Schwartzman, S. (2004). As causas da pobreza. São Paulo, Editora FGV.
Rodrigues, R. I. & Armstrong, K. (2019). A intervenção federal no Rio de Janeiro e as organizações da sociedade civil. Relatório de Pesquisa. Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada- IPEA, Rio de Janeiro.
Santos, J. O. (2015). Relações entre fragilidade ambiental e vulnerabilidade social na susceptibilidade aos riscos. Mercator, Revista de Geografia da UFC, v. 14, n. 02, p.75-90, 20 jul. Disponível em: http://www.mercator.ufc.br/mercator/issue/view/RMv14n2. Acesso em:12 maio. 2019.
Soares, L. E.; Soares, B. M.; Ribeiro, C. A. C.; Milito, C.; Silva, H. R. S.; Muniz, J.; Sento-Sé, J.T.; Rodrigues, J. A. S.; Carneiro, L. P. (1996). Violência e política no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
Souza, M.L. (2003). Planejamento e gestão urbanos em uma era de medo: sobre tráfico de drogas, fragmentação do tecido sociopolítico-espacial da cidade e o encolhimento da margem manobra para a promoção de um desenvolvimento urbano autêntico. In: Carlos, A. F.; Lemos, A. I. (orgs.). Dilemas Urbanos Novas Abordagens Sobre a Cidade. São Paulo: Contexto.
Sen, A. (2008). Desigualdade reexaminada. Tradução e apresentação de Ricardo Doninelli Mendes, 2 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record.
Sento-Sé, J.T. (2005). Prevenção da violência: o papel das cidades. Rio de Janeiro: Civilização brasileira. (Segurança e cidadania, 3).
Schwartzman, S. (2004). As causas da pobreza. São Paulo, Editora FGV.
Vilela, T.; Barros, V.A. (2016). O acerto de contas no trabalho do tráfico de drogas varejista. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, v.9, n.2, Juiz de Fora, dez..
Waiselfisz, J.J. ; Athias, G. (2005). Mapa da violência de São Paulo. Brasília: UNESCO.
Waiselfisz, J. J. (2011a). Mapa da violência 2011: os jovens do Brasil. São Paulo: Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).
Waiselfisz, J. J. (2011b). Mapa da Violência 2012: os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari.
Waiselfisz, J. J. (2016). Mapa da violência 2016: homicídios por arma de fogo no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, Ministério da Justiça.
Zaluar, A. (1999). Um debate disperso violência e crime no Brasil da redemocratização. São Paulo em Perspectiva, v. 13, n.3, Fundação SEADE, 1999.
Zaluar, A. (2004). Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: FGV.
Zaluar, A.(2007). Democratização inacabada: fracasso da segurança pública. Estudos Avançados, vol.21 n.61 São Paulo, sept./dec. 2007, p.31-49.
Zaluar, A. (2010). Do dinheiro e dos homens no tráfico de drogas. In: Westphal, M. F., & Bydlowski, C. R. (Eds.). Violência e juventude. São Paulo: Hucitec.