Santarém: o ponto de partida para o (ou de retorno) urbano utopia
Palavras-chave:
Diversidade socioespacial, Santarém, Amazônia, urbanização extensiva, urbano utopiaResumo
Este artigo discute o progressivo descolamento observado entre cidade, urbano, rural e natureza em contexto amazônico. Partiu-se da geo-história, abordagem lefebvriana de análise da formação espacial, do sítio de Santarém (PA) e adjacências, para explicitar a natureza híbrida de um tecido urbano extensivo, formado por tipologias urbanas descontínuas (cidade e vilas), periurbanas (comunidades e assentamentos) e rurais (campo de soja, floresta e comunidades extrativistas), segundo arranjos socioespaciais herdeiros de diferentes matrizes culturais. A partir da revisão de literatura, da análise de cartografia histórica e de dados digitais, observa-se que o urbano, orientado por processos globais e pelo interesse econômico, nega e desestrutura territórios, nos quais a sociobiodiversidade e as práticas desenvolvidas ao longo dos séculos são portadoras de potencial reconciliação entre urbano e natureza, bem como valiosas em contexto de mudanças climáticas. O estudo detalha a análise para a mancha urbana da cidade de Santarém, assumida como um amálgama que espelha a diversidade socioespacial da região e que melhor ilustra a forma como a concepção hegemônica de cidade, aplicada ao urbano periférico amazônico, tem distanciado Santarém do potencial de expressar o urbano utopia, o qual será capaz de resgatar a indissociabilidade de pessoas, biodiversidade, solo e água, que já vem sendo manifestada há séculos na Amazônia.
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