Urbanismo português na cidade de Maputo: passado, presente e futuro
Palavras-chave:
Urbanismo português, Maputo, Áreas semiurbanizadas, Centro urbanizado, Atores do desenvolvimento urbanoResumo
O urbanismo português caracteriza-se por um conjunto de princípios urbanísticos e processos de concepção
e implementação que se foram moldando ao longo de diversos contextos e geografias, veiculando um
consórcio de ideias urbanas sob o qual se construiu a identidade comum da “cidade portuguesa”. Por meio
da análise histórica do desenvolvimento da capital moçambicana, Maputo, e do urbanismo português nela
patente desde a sua génese, procura-se entender em que consistiu em contexto africano este urbanismo,
bem como qual o significado e o papel presente e futuro desta herança. Em Maputo, predominam atualmente
diversas e extensas áreas semiurbanizadas sem as devidas condições de habitabilidade, habitadas
pela maioria da população, tendencialmente de baixos recursos, que pouco evidenciam a influência do urbanismo
português, ainda hoje presente no centro urbanizado. Atendendo às particularidades socioeconómicas,
culturais e políticas dessa cidade, esse urbanismo revela-se descontextualizado e desadequado,
principalmente em face das especificidades e dos problemas das suas áreas semiurbanizadas, que carecem
de um novo modelo urbano. Alguns dos seus princípios e processos poderiam contribuir para a procura
desse modelo, mas o seu papel presente e futuro assume maior significado ao nível da memória e da cultura,
conferindo a Maputo uma identidade singular, só presente em outras cidades lusófonas da África Austral.
A permanência dessa herança torna-se, contudo, incerta, diante do crescente número de intervenções
desen volvidas no atual contexto de globalização e economia neoliberal dominante, que rompem com as suas
lógicas pelas mãos de uma multiplicidade de atores, portadores de variadas influências, lusófonas ou não.